quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Juro que tentei…



De que depende o surgimento da fé no homem? Há muitas teorias e inclusive já foi identificado um gene que predispõe algumas pessoas a acreditarem mais em deus do que outras. Como já devem ter percebido, eu definitivamente não tenho esse gene ou se tenho está num estado dormente. Por outro lado a doutrinação e lavagem cerebral a que somos expostos desde pequenos também parece ter uma grande influência. Comigo isso também não funcionou. Meu avó paterno era pastor na Igreja Presbiteriana, minha avó materna é extremamente religiosa e uma pregadora nata. Desse modo, desde pequenino não tinha como escapar da igreja, e juro por Deus, eu ia mas em nenhum momento acreditei nas fábulas histórias que ouvia da biblía. Só sentia um arrepio quando imaginava o quão horrível deveria ser o inferno e o seu inventor.

Depois da atingir a idade adulta lá tentei de novo…foi um bocadito melhor, e duro também porque domingo cedinho a ressaca estava no pico e não via a hora de a missa acabar. Foi melhor no sentido de que já não foi por obrigação e confesso que enquanto estava dentro da igreja aquele sentimento de medo do incerto tomava conta de mim. Nunca passou disso, é como ir a um funeral: lembra-nos que a vida é trágica e num abrir de olhos esfuma-se. Nesse intervalo de lucidez pensamos e repensamos em todas as coisas que fizemos, que faremos, fazemos montes de promessas e pedimos muitos “perdões”. Feliz ou infelizmente retomamos a nossa vida normal e deixamos os medos de lado.

Eu tentei, sério, acreditar que existe algum Deus que olha por mim, que gere um plano detalhado de vida para mim, minha família e amigos e que apesar de todos muitos pesares ele tem a situação sob controle. Tentei acreditar que ele encontra-se em todo lugar, a toda a hora e controla os nossos pensamentos e acções através de um botãozinho.

Seria de facto fascinante se o Universo tivesse um propósito; seria provavelmente prazeroso haver vida após a morte. Porém, não há um só pedacinho de evidência em favor de nenhuma das duas especulações. Como é fácil de compreender por que as pessoas anseiam por um propósito cósmico e vida eterna, e não existe evidência para ambos, me parece uma conclusão inescapável que nenhum dos dois existe. Realmente seria óptimo se todos nós fôssemos tão especiais quanto gostaríamos de ser, mas o facto é que não temos motivos para acreditar que somos. Novamente, é a integridade intelectual que nos impede de acreditar em algo infundado somente porque é confortante. Tenho de confessar que no início era duro, muito duro acreditem, aceitar que o mundo era como era: cruel, egoísta, onde os fracos simplesmente não sobrevivem e a vida acaba com a morte. Mas sobrevivi e talvez algum dia quando os meus medos regressarem eu volte a procurar Deus. Porque Deus é isso mesmo: produto dos nossos medos, incertezas, ânsias, vazio e desejos!

P.S. Gostaria de ouvir de vocês, quer ateus ou crentes quais as bases de vossas convicções. Desde quando são crentes ou ateus? Se sempre acreditaram ou não?o que os fez mudar de idéias? E.t.c

1 comentário:

  1. Hermógenes!
    Vou transcrever por completo o que disse ao Nuno,sobre o incessante desespero do ateu.
    O desespero incessante do ateu,é que a sua vida termina na morte do seu corpo,mas qual a é a sua segurança que o ateísmo é verdadeiro?”Se DEUS não existe,então definitivamente não há esperança para a solução das fraquezas da nossa finita existência!” O mal é uma discussão teo-filosófica,e sem medo afirmo que a maioria do sofrimento do mundo,advém de ações humanas descompromissadas com entendimento espiritual e transcendental da vida. Olha o desespero inócuo de Bertrand Russel diante do NADA-ACASO-MORTE(universal e individual)
    “Que o homem é o resultado de causas que não possuem nem previsão do fim que estavam alcançando…

    Que nenhum fogo, nenhum heroísmo, nenhuma intensidade de pensamento e sentimento, pode preservar a vida de um indivíduo depois de sua morte, e que todos os trabalhos de eras, toda a devoção, toda a inspiração, todo o brilho do gênio humano, estão destinados à extinção na enorme morte do sistema solar, e que todo o templo das realizações humanas deve inevitavelmente ser enterrado sob os escombros de um universo em ruínas – todas estas coisas, se não ainda não estão completamente fora de questão, estão já tão proximamente certas, que nenhuma filosofia que rejeita tais questões pode ter a esperança de continuar existindo. Somente embasado no andaime destas verdades e somente no firme fundamento do desespero incessante, o alicerce de alma pode ser construído doravante de forma segura.”
    Então para o ateu só resta o ‘desespero incessante” da vida,e isto é de uma desesperança insurportável.Como viver com esta “bomba-relógio” em seu colo?Sómente a racionalidade de uma MENTE SUPERIOR poderá “organizar” uma existência aleatória,caótica,fugaz e privada de sentido profundo e eterno.Qual a garantia que o ateísmo é verdadeiro?Pense e reflita!!

    ResponderEliminar